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Quarta-feira, 07.09.22

"Volver la vista atrás" de Juan Gabriel Vásquez

Vover_La_Vista_Atras.jpg

Vásquez, Juan Gabriel. 2021. Volver la vista atrás. Alfaguara. Madrid

"Tropecei" neste romance quando escutava um programa de rádio e, a partir daí, me decidi a adquri-lo e a lê-lo na versão original. A leitura, em língua castelhana, fez-me sentir mais próximo do autor e dos seus retratados. E de facto, estando disponíveis na "internet" tantos documentários, em vídeo, com a participação do autor, Juan Vasquez, e de Sérgio Cabrera, a figura central do livro, a leitura fez-se como uma experiência de proximidade: como se eu mesmo os pudesse escutar.

O livro começa por ter um enorme interesse pela sua originalidade. Porque não se trata de uma biografia de qualquer dos personagens, ainda que da vida deles se trate e estejamos perante histórias verdadeiras, vividas por quem se encontra, ainda e felizmente, entre nós. Trata-se de um "documentário" sobre uma significativa parte da vida do cineasta colombiano Sérgio Cabrera, cujas origens familiares estão em Espanha mas cedo se transferem para a Colômbia, terra de exílio mas, também, pátria de adoção. Redigido em tonalidade de romance, não chegar a ser, propriamente, uma ficção.  A partir de depoimentos do próprio Sérgio, primeiro, e de algumas das pessoas que com ele se cruzam, no desenrolar do livro, somos levados a testemunhar uma história pessoal que atravessa continentes e, sobretudo, se refere a um período da história da Colômbia ainda não completamente encerrado: a luta entre as milícias da guerrilha maoista, colombiana, e o Estado.

Uma relativa extensa parte do livro reporta ao tempo de formação de Sérgio Cabrera e de sua irmã, Marianella, em Pequim, antes e durante a "revolução cultural". A leitura destes capítulos fez-me revisitar "Cisnes Sevagens" de Jung Chang e "Adeus minha concubina" de Lilian Lee. Todos estes livros fazem parte da minha experiência "china", a partir da nossa passagem por Macau, onde vivemos de 1994 a 1998.

Por sua vez, quando se narra o percurso dos protagonistas na guerrilha amazónica, revisitei "Até o silêncio tem um fim" relato, na primeira pessoa, do cativeiro de Ingrid Betancourt, na floresta Amazónica, de 2002 a 2008.

Estes parcos apontamentos não traduzem, de modo algum, o prazer que a leitura deste livro de 475 páginas me proporcionou. Durante as horas de entrega à leitura, senti-me verdadeiramente envolvido, interessado, absorto. Das vidas, absolutamente singulares, da família Cárdenas Cabrera - Fausto, o pai, Luz Elena, a mãe, Sérgio e Marianella, os filhos - desprende-se uma honestidade voluntariosa, por vezes ingénua, com que nos identificamos. Através deles, revivemos os tempos de utopia e de amargura que foram as experiências "revolucionárias" dos anos 60/70 do século passado, projetos sociais que muitos de nós subscreveram, mesmo se com militâncias pouco comprometidas.

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por JNobre



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