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uma bibliografia de trazer por casa
Encontrei no "Nobel de 1962", Steinbeck, uma escrita "simples" e fluída que não esperava (desconfiando, embora, da tradução...). "A um Deus Desconhecido" é um romance. Mas é também como um ensaio sobre o animal religioso que é o Ser Humano nas suas diferentes culturas. O autor contempla a sua própria humanidade a partir do seu enorme respeito pelos fenómenos naturais (de Vida) que não compreende mas tenta interpretar, exatamente como o Ser Humano o faz há milénios. Nessa busca de respostas, realiza, por vezes, gestos mágicos que como que apaziguam a sua inquietação, sempre sem chegar a compreender a razão mais profunda das coisas. Pressente o seu Sentido mas nunca realmente explica o que aconteceu, porque aconteceu. Eis um exemplo:
O protagonista, Joseph Wayne, acaba de assistir, impotente, à queda fatal da sua querida companheira, Elyzabeth. "[Ele] sabia que o seu espírito não conseguia abarcar aquilo que acontecera. Tentou compreender. «Todas as histórias, todos os incidentes que constituem uma vida pararam num só segundo... as opiniões terminaram, a capacidade de sentir, tudo acabou sem significado.» Queria esforçar-se por perceber o que se passara, porque conseguia sentir o princípio de uma grande calma a dominá-lo. Queria poder gritar uma só vez a sua dor, antes de ficar indiferente e incapaz de sentir desgosto ou ressentimento."
Estamos no limiar da expressão religiosa. Sucedem-se os gestos que, a repetir-se, podem virar rituais tão inexplicáveis como o mistério que habita Joseph. Cada irmão seu, Thomas (e Rama), Burton (e Harriet) e Benjy (com Jennie), vivem uma vida a seu geito, seguindo tendências de caráter, princípios de vida e manifestações "religiosas" completamente distintas. Mas também o mestiço Juan (com Alice). Habitando um espaço em si mesmo "ecuménico" como seria a Calfórnia dos anos 30 do século XIX, por aqui passam os católicos hispánicos, os índios, os mestiços e, claro, os luteranos...
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