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uma bibliografia de trazer por casa
Pennac, Daniel. 1993. Como Um Romance. Coleções Pequenos Prazeres. Ed. Asa. Lisboa
“Como Um Romance”, de Daniel Pennac é mais um livro pequeno, leve e fresco, que se lê quase distraído. Quando o li, pouco tempo depois do lançamento da edição portuguesa, sabia que a principal intenção do autor era avançar com um conjunto de sugestões que, em última análise, se destinariam aos pais e educadores, tendo em vista conquistar as crianças e os adolescentes para o exercício da leitura, sem traumas. Mas, de entre as intuições nele contidas, a marca mais sensível que me ficou foi a sua proposta para o estabelecimento de “Os Direitos Inalienáveis do Leitor”. Todos fazem sentido e arrumam de vez a ideia da obrigatoriedade de ler, uma vez que o primeiro direito “do leitor” será precisamente “O Direito de Não Ler”. Seguem-se outros, não menos iconoclastas, de entre os quais destaco os que me são mais convenientes: “O Direito de Saltar De Livro Em Livro” e “O Direito de Não Acabar Um Livro”. Este último parece-me particularmente feliz por nos redimir, em definitivo, do facto de termos alguma vez começado uma qualquer leitura que, por uma razão ou outra, decidimos, ou fomos obrigados a, abandonar. São pois Direitos que nos assistem: saltar de um livro a outro e/ou não concluir uma leitura.
Reflectindo hoje, creio que o mesmo conjunto de “regras” e “princípios” se ajusta absolutamente ao mundo dos “blogs”, seus autores e “posts”, desde logo porque “saltar” de um texto a outro é o conceito estruturante do hipertexto. Aceite esta ideia, fica mais fácil, para quem escreve e para quem lê (ou não lê), que assim se estabeleça uma “relação sem compromisso” o que, como toda agente sabe, é um bem contemporâneo que tantos pretextos tem oferecido a legisladores, agitadores, políticos em exercício e a comentadores, profissionais ou amadores.
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