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uma bibliografia de trazer por casa
Torga, Miguel. 2003 . O Senhor Ventura (escrito em 1943 mas com primeira edição em 1985). n.º 43 da coleção Mil Folhas. Ed. Público Comunicação Social SA. Lisboa
A história de uma vida, ficcionada. A história de um português-das-sete-partidas, que deixa a sua terra, Penedono, aos vinte anos de idade, para "ir à tropa" e que, após a recruta, é mobilizado para Macau. De entre amores, amizades e parcerias, dois relacionamentos vão marcar a vida do "senhor Ventura": o minhoto Pereira e a russa Tatiana.
Como uma vida a três-tempos, Ventura será marinheiro-desertor nos mares da china, sócio de Pereira num negócio de restauração e operário da Ford em Pequim; ainda com Pereira, será mercenário e comerciante de armas na Mongólia onde, numa refrega, morre o companheiro; de volta a Pequim, vive de expedientes e casa com Tatiana; pai do pequeno Sérgio, faz-se empresário do jogo, proprietário de uma frota detáxis, torna-se produtor e facilitador de ópio; repatriado, regressa a Penedono onde tenta uma vida de agricultor; e morre na China, praticamente miserável, em demanda de Tatiana que o traiu. Mas não será Ventura a encontrá-la antes virá Tatiana ao seu encontro, numa cama de hospital na cidade de Xunquim. Um encontro derradeiro, de separação e liberdade.
É o próprio Torga que no capítulo I da segunda parte do romance, invoca o interessante paralelismo da narrativa de "O Senhor Ventura" com o "Dom Quixote" de Cervantes quando escreve, a propósito da morte de Pereira: "O meu Dom Quixote perdeu o Sancho e é português." E, de facto, em ambos os romances, os protagonistas encarnam a natureza dos povos que representam, viajam numa geografia de sonho acompanhados por um "escudeiro" leal e competente. Por fim, cada qual tem a sua "musa inspiradora": Tatiana é a Dulcineia do romance de Torga.
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